Auditor recusa entregar carteira com criptomoedas de fraude fiscal
O Ministério Público de São Paulo está preocupado com o possível desaparecimento de milhões de reais em criptomoedas que foram confiscadas na “Operação Ícaro”. Até agora, os investigadores ainda não conseguiram acessar as carteiras digitais dos suspeitos, o que tem gerado apreensão. Essa operação resultou na prisão de Sidney Oliveira, o fundador da rede de farmácias Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop.
De acordo com informações, há indícios de que os acusados possuem ativos digitais que podem somar até R$ 10 milhões. Esses valores estariam associados a dois auditores fiscais, entre os seis presos na operação: Artur Gomes da Silva Neto, apontado como o principal operador do esquema de corrupção, e Marcelo de Almeida Gouveia. Ambos são suspeitos de terem recebido uma quantia imensa de propina, cerca de R$ 1 bilhão.
O problema é que sem as chaves privadas das carteiras digitais, esses ativos não podem ser acessados. A investigação revela que as criptomoedas poderiam ter sido compradas para esconder o dinheiro oriundo das propinas, por isso foram solicitadas as prisões preventivas de Artur e Marcelo. A ideia é evitar que eles movimentem esses valores e, assim, os ocultem.
Marcelo, de acordo com o Ministério Público, se recusou a informar a senha da sua carteira digital após uma busca e apreensão. Em sua residência, foram encontrados R$ 330 mil e US$ 10 mil em dinheiro, mas os promotores afirmam que as quantias mais significativas estariam nas criptomoedas. Um pedido de prisão preventiva menciona que Marcelo poderia sumir com esses ativos se mantido em liberdade.
Defesa traz argumentos sobre a legalidade dos criptoativos
A defesa de Marcelo, no entanto, destaca que os criptoativos foram regularmente registrados na Receita Federal. Os advogados também questionam as alegações do Ministério Público, afirmando que não existe documentação que comprove a existência dessas “milhões de reais em criptomoedas”.
A “Operação Ícaro” está investigando uma rede de executivos e empresas envolvidas em um esquema de pagamento de propinas para agilizar a liberação de créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O plano ilegal era disfarçado com uma empresa registrada em nome da mãe de Artur. Segundo a promotoria, o caso de corrupção pode ter trazido grandes prejuízos ao governo, com movimentações que ultrapassam R$ 1 bilhão.
Relatórios do Ministério Público indicam um aumento significativo no patrimônio da mãe de Artur, atribuído em grande parte à compra de criptomoedas. Documentos da investigação também revelam que a empresa utilizou parte de seus lucros para adquirir 287 Bitcoins a um preço médio de R$ 87.260,68. Essa compra totalizou R$ 25,04 milhões. Além disso, a empresa também detém 1.774 Ethereum, que totalizam R$ 15,01 milhões. No preço atual, essa quantidade de criptomoedas valeria aproximadamente R$ 200 milhões.